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PROJETO LEMBRE DE MIM: Famílias descobrem que parentes desaparecidos estavam mortos há mais de 10 anos

Somente nos primeiros 4 meses de 2025, 267 pessoas foram dadas como desaparecidas. Destas, 204 foram localizadas e outras 63 ainda são procuradas pela família. Mas, o número de desaparecidos pode ser ainda maior, isso porque muitos familiares não registram boletim de desaparecimento ou até mesmo não procuram os órgãos competentes após muitos anos.


Como o caso de Gabrielle Santos de Arruda, 22, que desde os 8 anos procura por notícias do pai, Thiago Carlos Neto, e apenas neste ano, descobriu que ele foi enterrado sem identificação ao ser encontrado morto em um terreno baldio em 2011.


“Eu tinha 8 anos na época que ele parou de entrar em contato e de ir me visitar. Depois de um mês que ele não aparecia, minha avó foi lá na casa dele e perguntou dele para os vizinhos, mas eles disseram que tinha mais de 30 dias que não viam ele. Ai minha avó decidiu entrar na casa pulando pelo muro, e encontrou a casa vazia, com comida estragada no fogão e a moto dentro da casa”, relatou.


Ela conta que depois disso começaram as buscas pelo paradeiro de Thiago, que na época usava muito entorpecente. “Minha avó foi no Morro da Luz, foi nos hospitais, foi no IML, e em 29 de setembro de 2011, ela decidiu registrar um boletim de desaparecimento”.


O que a família não sabia é que, quando o boletim foi registrado, o homem já estava morto no Instituto Médico Legal (IML) sem identificação.


“Foram feitas algumas buscas na época, mas devido à rotina intensa de trabalho da minha avó, ficou por isso mesmo. Ai no início deste mês eu sonhei com ele, e era uma coisa rara eu sonhar com meu pai e lembrar do sonho. No dia seguinte, o pessoal do IML entrou em contato com minha família dizendo que ele havia sido identificado pelo projeto Lembre de Mim”, relatou.


A identificação de Thiago foi possível através das digitais coletadas no dia do seu nascimento. Gabrielle e a avó foram até a Politec e lá o médico legista informou que ele havia falecido no dia 13 de agosto de 2011, e foi encontrado em um terreno baldio próximo do bairro que ele morava, com 6 perfurações de arma de fogo.


“Lá eles explicaram que o corpo dele ficou cerca de dois meses no IML, e eles fizeram o sepultamento como pessoa não identificada. Depois disso, nós fomos até a funerária saber dos restos mortais, e eles nos explicaram que o corpo fica lá por 10 anos, e depois desse tempo, os restos mortais de pessoas não identificadas vão ao crematório”, explica.


Gabrielle conta que, por mais que Thiago mexesse com “coisa errada”, ele era um pai presente e ia visitá-la sempre que podia. Ela conta ainda que, na época, ele havia acabado de sair de um emprego com carteira assinada, mas acredita que o envolvimento com as drogas pode ser a causa da morte dele.


“Ele saiu do serviço no dia 27 de julho e no dia 13 de agosto ele morreu. Eu só não morava com ele por causa dessa vida errada, mas ele sempre foi um pai presente, morava em uma casa próxima para conseguir me ver e estava sempre me visitando. Só tinha essa questão da droga que eu acho que acabou com a vida dele”, finalizou.

Outro caso foi de Bruno Railan Ferreira Chaves, 22, que perdeu a mãe, Edite Chaves da Silva, 45, quando ainda quando tinha 12 anos. Devido à falta de informações sobre o que podia ter acontecido com ela, a família registrou boletim de desaparecimento apenas em 2021, e foi no mês passado que através do projeto Lembre de Mim, que os familiares finalmente tiveram respostas.

“Quando eu soube que ela havia sido identificada, foi como se ela tivesse morrido de novo. Foi bem difícil dar essa notícia para meu irmão e para minha família. Passava mil coisas na minha cabeça, mas eu não sabia o que de fato tinha acontecido. Foi somente lá que eu soube que ela sofreu um acidente em uma rodovia, não foi acidente de carro, então eu acredito que ela foi tentar atravessar e não viu o carro”, explicou.


Edite teve sua morte confirmada em 2014 e foi enterrada como uma pessoa não identificada pela falta de documentos pessoais. Bruno conta que foi graças ao projeto Lembre de Mim, que de forma acolhedora, ajudou ele a solucionar sobre o sumiço da mãe.

“Eu só tenho a agradecer o pessoal do IML pela humanidade e empatia que tiveram comigo e com minha família. Não foi uma notícia fácil, eu não sabia o que poderia encontrar. Mas foi importante, eu gostei muito de como foi direcionado, eles foram bem atenciosos e principalmente humanos nessa situação”, finaliza.

Importância da notificação
Janaina Paula Brito de Souza Silva, escrivã da polícia há 18 anos, conta que o registro do boletim de ocorrência é a notificação de um fato, e que a polícia só sabe que uma pessoa está desaparecida após essa notificação.


“Às vezes a pessoa está desaparecida porque foi vítima de algum ato violento, algum tipo de crime, e a comunicação com familiares fica inviável. Então se faz necessário o registro para podermos trazer essas informações e realizando uma investigação, para dar respostas às famílias”, conta a agente.


Com as constantes mudanças da tecnologia, o sistema da Polícia Civil também se modernizou e hoje possuem um sistema integrado entre os agentes de segurança. “Por exemplo, se a pessoa foi presa, deu entrada no hospital, morreu em confronto com a polícia, nós já conseguimos saber através desse sistema integrado”.


Em toda região de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e Acorizal, já são mais de 265 ocorrências de desaparecidos, apenas em 2025. Dentre estas, 204 foram localizadas e outras 63 continuam desaparecidas.


Já em todo o ano de 2024, foram contabilizadas 842 ocorrências, com 742 localizados e outras 100 que permanecem desaparecidas. Destas 742 localizadas, 28 foram encontradas em óbito, por acidente, afogamento, feminicídio, morte natural, resistência, entre outras. O que mais impressiona é que apenas 2 eram mulheres.


“Por vezes, mesmo que a pessoa foi encontrada sem vida, com as vestes, mas está um pouco irreconhecível, nós precisamos esperar o laudo do papiloscopista para confirmar que aquela pessoa é ela de verdade. Por isso, mesmo que o corpo seja encontrado, temos que aguardar o confronto papiloscópico, entre corpo, desaparecido e identificação”.

O registro do boletim de desaparecimento pode ser registrado de forma online pelo site

Ana Julia Pereira/Gazeta Digital

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