Ferramenta foi apresentada no segundo dia do Showtec 2025. Foto: Divulgação
Uma ferramenta capaz de transformar o manejo nutricional das lavouras foi apresentada no segundo dia do Showtec 2025, em Maracaju (MS). Nesta quarta-feira (21) aconteceu o painel “Diagnose rápida do estado nutricional de plantas”, momento em que pesquisadores demonstraram como a análise foliar com tecnologia de raio-x pode tornar a adubação mais precisa, reduzir desperdícios e gerar mais produtividade por hectare.
A novidade, que já está em fase de aplicação pela equipe técnica da Fundação MS, permite detectar deficiências nutricionais em folhas de forma instantânea — menos de um minuto, para um diagnóstico detalhado, com alto nível de confiabilidade. A tecnologia também pode ser usada para analisar fertilizantes e o teor de proteína em grãos, auxiliando na tomada de decisão em campo de forma rápida e estratégica.
“O sucesso em construir plantas altamente produtivas depende do equilíbrio nutricional. Plantas bem nutridas suportam melhor o estresse climático e respondem com mais produtividade. Com essa tecnologia, o produtor passa a tomar decisões baseadas em dados reais, sem esperar por resultados de laboratório que muitas vezes chegam tarde”, explica Douglas Gitti, pesquisador da Fundação MS.
Segundo os especialistas, a aplicação da tecnologia tende a mudar completamente a lógica da adubação foliar. Hoje, o padrão é seguir uma “receita pronta”, muitas vezes sem saber se a planta realmente precisa daquele nutriente naquele momento. Com o raio-x nutricional, essa realidade começa a ser substituída por mapeamento personalizado e correções em tempo real. “Vamos recalibrar tudo. Vamos aplicar o que a planta precisa, na dose certa e no momento ideal. Isso vai revolucionar o manejo nutricional não só pela produtividade, mas pelo custo: vamos deixar de aplicar insumos desnecessários”, afirma Hudson Carvalho, professor da Esalq/USP.
“Hoje, a gente manda amostras para o laboratório em R2, e o resultado chega tarde demais. Com essa ferramenta, vamos poder analisar em V2, V3 e agir de forma imediata. Isso muda toda a estratégia da lavoura”, comentou o produtor Luciano Muzzi Mendes.
As pesquisas indicam que o uso intensivo de corretivos, como calcário, embora essencial para o solo, pode reduzir a disponibilidade de micronutrientes como manganês, zinco e cobre. Com o raio-x, será possível detectar essas deficiências em ambientes onde antes elas não eram tão evidentes, ajustando o manejo e melhorando a eficiência da adubação.
“Vamos conseguir criar faixas de referência para cada estágio da planta. Se o índice estiver abaixo, o produtor sabe que precisa corrigir. Isso vai conectar o diagnóstico nutricional à fisiologia vegetal, o que abre espaço para saltos de produtividade com menos custo e mais precisão”, destaca Douglas Gitti.
A tecnologia deve ser incorporada gradualmente ao portfólio de serviços da Fundação MS, com foco em lavouras de soja e milho. A expectativa é que, em breve, esse modelo de análise faça parte da rotina produtiva de agricultores que buscam decisões mais assertivas, menores perdas e maior retorno sobre o investimento em insumos.
“Não é só tecnologia. É informação na mão do produtor no momento certo. É isso que permite um agro mais eficiente e sustentável”, concluiu Gitti.
Agrolink & Assessoria
Publicado em 21/05/2025 às 18:18h.