A urbanização e a vida acelerada alteraram os hábitos alimentares Foto: Canva.
Segundo Sergio Cardoso, diretor de operações da Itaobi Representações, um estudo da Embrapa revela uma forte redução no consumo per capita de arroz e feijão no Brasil. Em 1985, o brasileiro consumia, em média, 49 kg de arroz por ano, enquanto hoje esse número caiu para 29,2 kg. No caso do feijão, a queda foi de 19 kg para 12,8 kg. O estudo aponta o aumento dos preços como um dos fatores, mas será essa a única explicação?
A urbanização e a vida acelerada alteraram os hábitos alimentares, tornando refeições tradicionais menos práticas. O feijão, por exemplo, exige planejamento e preparo, o que faz com que seja substituído por alimentos prontos. Além disso, o consumo de ultraprocessados aumentou significativamente, com dados do IBGE mostrando que 20% das calorias consumidas no país já vêm desse tipo de alimento, especialmente entre as classes de menor renda.
Apesar das variações no preço, o arroz e o feijão continuam sendo uma das opções mais acessíveis em termos de custo-benefício. O maior problema, porém, é a substituição por ultraprocessados, o que impacta diretamente na saúde pública. Estudos apontam que o consumo regular de feijão reduz o risco de obesidade, enquanto dietas ricas em industrializados aumentam a incidência de doenças como hipertensão e diabetes.
“Se essa tendência continuar, quais serão os impactos a longo prazo para a saúde da população e para o setor agroindustrial? Como reverter essa mudança? O arroz e o feijão sempre foram a base da alimentação brasileira – não podemos deixar que sejam substituídos por produtos artificiais de baixo valor nutricional. Precisamos recolocar o arroz e o feijão no centro da mesa do brasileiro, não apenas pelo valor econômico, mas pela saúde e pela cultura alimentar do país”, conclui.
Agrolink – Leonardo Gottems
Publicado em 04/03/2025 às 06:12h.