Essas ações não afetam apenas o consumidor – Foto: Divulgação
A apreensão de 32 toneladas de arroz e feijão em Araraquara (SP) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), devido à disparidade de tipo, expõe uma prática cada vez mais comum no mercado: a manipulação ilegal de produtos para alcançar preços insustentáveis dentro da legalidade. A denúncia foi destacada por Sérgio Cardoso, Diretor de Operações da Itaobi Representações, em publicação recente.
Ao analisar os custos envolvidos na produção, como matéria-prima, embalagens, tributos, logística e estrutura operacional, torna-se evidente que alguns preços no varejo não são compatíveis com práticas regulares. Isso levanta suspeitas sobre o uso de métodos fraudulentos, como rotulagem incorreta, mistura de grãos fora de padrão e adulterações na classificação, que permitem que produtos inferiores sejam comercializados como se fossem de qualidade superior.
Essas ações não afetam apenas o consumidor, que é enganado na hora da compra, mas também toda a cadeia produtiva. Indústrias sérias enfrentam dificuldades para competir, produtores são pressionados a baixar ainda mais seus preços, e o mercado acaba contaminado por uma competição desleal que mina a confiança e a sustentabilidade do setor.
De acordo com ele, o silêncio em torno desse problema é um agravante. Apesar de ser de conhecimento geral nos bastidores do setor, o tema raramente é tratado com a seriedade necessária. Medo, omissão ou conveniência podem explicar a falta de enfrentamento, mas a questão persiste: até quando o mercado seguirá tolerando essa trapaça disfarçada de preço baixo?
“O mais grave é que todo mundo sabe. Mas quase ninguém fala. Por medo? Por conivência? Ou porque, em algum momento, já fez uso da mesma prática? No fim, resta uma pergunta incômoda e que talvez esteja na hora de encarar de frente: O silêncio da cadeia é medo… ou cumplicidade?”, conclui.
Agrolink – Leonardo Gottems
Publicado em 22/04/2025 às 06:56h.