A produção artística de Mato Grosso ganhará destaque nacional com a exposição ‘Lírica, crítica e solar: artes visuais em Mato Grosso’, que será inaugurada no dia 18 de março no Museu Nacional da República, em Brasília.
O evento, realizado pelo Sebrae Mato Grosso em comemoração aos seus 50 anos, reúne 200 obras de 50 artistas do estado, com curadoria de Divino Sobral e Laudenir Gonçalves. Entre os artistas selecionados, dois são de Rondonópolis: Wander Melo e Paulo Pires. A mostra permanecerá em cartaz até 11 de maio e tem expectativa de receber cerca de 50 mil visitantes.
O Museu Nacional da República, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e localizado na Esplanada dos Ministérios, é um dos mais visitados do país. Em 2024, recebeu 305 mil visitantes, consolidando-se como um dos principais espaços culturais do Brasil.
O evento, que conta com a parceria do Governo do Distrito Federal e do próprio museu, abre o calendário de celebrações pelos 50 anos do Sebrae Mato Grosso, cujo objetivo é valorizar a produção artística mato-grossense e mostrar a riqueza cultural do estado.
O curador Laudenir Gonçalves, em visita à redação do A TRIBUNA na tarde de ontem, destacou a grandiosidade da exposição e seu impacto para a arte regional.
“É uma exposição que vai acontecer no Museu Nacional da República, feito pelo Oscar Niemeyer, em Brasília. Em comemoração aos 50 anos do Sebrae Mato Grosso, eles resolveram fazer esse evento e pediram para selecionarmos 50 artistas, cada artista representando um ano. É uma exposição muito grande e, nos últimos anos, acho que nunca foi feita uma exposição dessa magnitude destinada à projeção das artes mato-grossenses”, afirma.
Laudenir, que é sociólogo e crítico de arte, ressalta ainda a diversidade de obras que compõem a mostra e a relevância desse momento para os artistas mato-grossenses.
“São 200 obras selecionadas, além de quatro mulheres homenageadas, que foram fundamentais para as artes plásticas no estado. Além dos nossos artistas de Rondonópolis, também vamos expor 19 máscaras dos Caretas de Guiratinga. É a primeira vez que eles vão para o museu como arte popular”, explica.
O artista Wander Melo, um dos representantes de Rondonópolis, celebra a oportunidade de exibir suas obras no Museu Nacional.
“São duas obras minhas e são trabalhos sobre a mata, sobre o nosso cerrado aqui de Mato Grosso. Eu comecei a integrar as artes plásticas do estado a partir de 1978. Dos anos 1980 para cá, comecei a participar do Salão Jovem Arte. Já participei de várias edições do Salão Jovem Arte e eu fui revelado por ele. Então participei de várias edições e fui premiado no 18º Salão com prêmio Destaque. De lá pra cá, integrei várias exposições coletivas aqui em Mato Grosso e também em outros estados do Brasil”, relembra.
Para Wander, a exposição representa um reconhecimento fundamental para os artistas mato-grossenses.
“É muito importante participar dessa exposição porque esse momento agora contempla as obras e os artistas plásticos do estado. E o Sebrae está fazendo um papel muito importante, representando os artistas de Mato Grosso e essas gerações de artistas que estão participando dessa exposição”, ressalta.
Paulo Pires, outro artista de Rondonópolis selecionado, afirma que estará presente na exposição com três obras que tratam sobre a sociedade.
“As obras falam sobre o momento de pensamento, desejo, consolo. Reflete muito esse momento que estamos vivendo de falta de atenção, de amor ao próximo. Uma das obras fala de vários corpos, você conta mil corpos em uma obra só, que reflete vários pensamentos, desejos, ambições”, explica.
O artista destaca a dificuldade de viver de arte no interior do estado e a importância de levar suas obras para um espaço de grande visibilidade.
“A sensação de ter sido selecionado está sendo ótima, porque, estando nós tão distantes de um grande centro como São Paulo ou Brasília, só o fato de estar lá presente já nos fortalece bastante. Eu não diria que seja tão difícil viver de arte em Mato Grosso, mas em Rondonópolis, por si só, é complicado quando se trata de valorização cultural e respeito ao artista”, alega.
Além dos artistas de Rondonópolis, a exposição contará também com a participação de representantes de Cuiabá, Canarana, Chapada dos Guimarães, Guiratinga, Nobres, Rosário do Oeste e Várzea Grande. As técnicas presentes na mostra incluem pintura, aquarela, escultura, cerâmica, fotografia e documentário.
A seleção das obras foi realizada a partir de 16 acervos, sendo três institucionais, três comerciais e dez privados. Os trabalhos estarão distribuídos em sete núcleos temáticos: Ancestralidade indígena e indigenismo, A natureza: entre a pujança e a devastação, A presença da arte popular, Conexão com a religiosidade, A cidade de Cuiabá e a cuiabania, O povo mato-grossense e O grande Mato Grosso.
Outro ponto de destaque da exposição será a homenagem a quatro mulheres que desempenharam papéis fundamentais na história da arte mato-grossense: Aline Figueiredo, Dalva de Barros, Maria Lygia de Borges Garcia e Magna Domingos. Também será ressaltada a obra de Inês Correa da Costa, a primeira artista mato-grossense a alcançar projeção nacional.
Para os organizadores, a exposição reforça a importância da arte como ferramenta de preservação da identidade cultural de Mato Grosso. O curador Laudenir Gonçalves enfatiza: “O Museu Nacional tem uma frequência absurda de pessoas. É um ponto turístico, gente de todo o Brasil visita. É um evento gigantesco, e eu acredito que essa exposição vai ampliar ainda mais a visibilidade dos nossos artistas”.
A mostra ‘Lírica, crítica e solar: artes visuais em Mato Grosso’ poderá ser visitada gratuitamente na sala principal do Museu Nacional da República, em Brasília, de 18 de março a 11 de maio.
Por A Tribuna/ 12 de março de 2025