Pesquisa revela que o desempenho de cavalos Quarto de Milha em provas dos três tambores tem base genética e pode ser aprimorado (Foto – Troteegalope.com)
Um estudo inovador conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) trouxe descobertas importantes sobre os fatores genéticos que influenciam o desempenho de cavalos da raça Quarto de Milha em competições de três tambores em todo Brasil.
A pesquisa, pioneira no mundo, identificou que há variação genética no tempo de prova dos cavalos, o que abre caminho para a implementação de programas de melhoramento genético voltados à modalidade.
A prova de três tambores é uma das mais populares do mundo e exige velocidade, agilidade e precisão. Durante a competição, cavaleiros e cavalos percorrem um circuito em formato de trevo ao redor de três tambores, buscando completar o percurso no menor tempo possível. Derrubar um tambor acarreta uma penalidade de cinco segundos, o que pode ser decisivo para a classificação.
Os pesquisadores da UFR constataram que a performance dos cavalos na modalidade tem uma base herdável, ou seja, o componente genético dos animais influencia diretamente seus resultados.
Isso significa que a seleção de cavalos Quarto de Milha com melhor desempenho pode levar a melhorias significativas na velocidade, agilidade e precisão ao longo das gerações. Essa descoberta é fundamental para que criadores e treinadores possam aprimorar geneticamente seus plantéis e obter melhores resultados em competições.
Na pesquisa foi identificado que a idade dos cavalos tem um impacto expressivo no desempenho. Animais mais jovens tendem a apresentar tempos mais altos (piores), enquanto o desempenho melhora progressivamente até atingir o auge aos 6 anos de idade. Esse achado reforça a importância de considerar a idade ao avaliar o potencial esportivo dos cavalos e ao definir estratégias de treinamento.
Outro fator relevante identificado foi a influência do sexo no desempenho. Os resultados mostraram que as fêmeas, em média, apresentaram tempos ligeiramente melhores do que os machos. Essa diferença pode estar relacionada a fatores como a fisiologia e estrutura corporal.
A pesquisa também apontou que fatores ambientais permanentes, como treinamento e manejo nutricional, desempenham um papel essencial no desempenho dos cavalos ao longo do tempo.
Isso indica que, além do componente genético, aspectos externos influenciam o desempenho e podem ser otimizados para melhorar os resultados. Cavalos expostos a treinamentos mais eficientes e com maior experiência em competições tendem a ter um rendimento superior.
Outro achado importante foi a constatação de que o desempenho dos cavalos Quarto de Milha em provas de três tambores vem melhorando ao longo dos anos. A análise mostrou uma tendência de tempos de prova cada vez menores. Entretanto, foi constatado que do ponto de vista genético, não houve progresso significativo ao longo dos anos.
Portanto, a evolução no desempenho dos cavalos pode ser atribuída principalmente a fatores não genéticos como melhorias na nutrição, manejo, treinamento e saúde.
Nesse sentido, os pesquisadores da UFR ressaltam a importância da criação de um programa formal de avaliação genética para cavalos Quarto de Milha de três tambores no Brasil.
A implementação de um sistema estruturado de seleção genética poderia acelerar os ganhos em desempenho e garantir a produção de animais cada vez mais adaptados à modalidade.
Além disso, a adoção de avaliações genéticas traria benefícios econômicos para criadores e investidores, permitindo uma melhor previsibilidade do desempenho dos potros, a valorização de linhagens superiores, aprimoramento da raça Quarto de Milha e fortalecimento do setor equino como um todo.
Com esse estudo, a Universidade Federal de Rondonópolis reafirma seu compromisso com a ciência e a inovação, trazendo contribuições importantes para a equideocultura e o esporte equestre no Brasil.
Por A Tribuna. 15 de março de 2025