Mais de uma década já se passou do início da destruição do Largo do Rosário, conhecido popularmente como Ilha da Banana, localizado no centro de Cuiabá. As primeiras desapropriações, para implantação do projeto Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), iniciaram ainda em 2012. Cinco anos depois, no início de junho de 2017, parte da história foi literalmente ao chão, com a demolição da maior parte dos imóveis. Oito anos depois, a área, com 5.900 metros quadrados, continua em completo abandono.
Hoje, o que se vê é o símbolo da depredação e do medo. Parte do cercado, feito por tapume, foi arrancado por usuários de entorpecentes e pessoas em situação de rua. Uma trilha criada por eles é usada para a passagem em meio ao mato alto que se formou. O local também está tomado por muito lixo, dejetos, roupas e comidas espalhadas, além de produtos de furtos como fiação e eletrônicos jogados ao chão. A promessa de revitalização, continua no papel.
Hoje, duas famílias ainda vivem na Ilha da Banana e uma delas não conseguiu ser indenizada. O idoso José Carlos Conceição, 78, e a sua irmã ainda moram no local. Eles são herdeiros de um imóvel com área de 570 metros quadrados, com duas frentes. José, residente na parte que fica em frente ao Morro da Luz. Ele também mantém um bar ao lado. Já a sua irmã, ficou morando na parte de frente à igreja São Benedito.
Segundo José, os imóveis da família foram avaliados em mais de um milhão de reais. A indenização oferecida pelo Estado não chegou nem na metade do valor que vale. Então, não aceitamos e não vamos sair daqui.
Ele explica que no início das demolições, sua família alugava três salões que ficavam no terreno da residência onde vive a sua irmã. Com o barulho das máquinas, restos de materiais de construções e usuários de drogas invadindo a área, os inquilinos foram embora e a renda reduziu muito, por isso acabei abrindo o bar para ajudar no sustento da minha família.
Mesmo com a idade que eu tenho, estou aqui trabalhando e vivenciando a preocupação, sem saber o que vai ser resolvido.
Ressalta também que vive com medo porque a área está abandonada. Não tenho para onde ir e se eu sair os usuários de entorpecentes vão depredar e invadir o meu imóvel, ou o Estado vai querer derrubar.
Cristiane Guerreiro/ Gazeta Digital