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Invasões de terras no sul da Bahia geram prejuízos milionários e clima de insegurança

Mateus Bonfim, alerta para o impacto das invasões na região. Foto: Divulgação

Indígenas ocupam a entrada do Parque Nacional do Descobrimento, em Prado, no extremo sul da Bahia, desde o último sábado (15). Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração da área, o acesso segue interditado nesta segunda-feira (17). O grupo exige uma reunião com representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério da Justiça e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O presidente da Agronex (Associação do Agronegócio do Extremo Sul da Bahia), Mateus Bonfim, alerta para o impacto das invasões na região. Segundo ele, mais de 81 propriedades foram invadidas desde 2022, resultando na perda de cerca de mil postos de trabalho e um prejuízo estimado em mais de R$ 500 milhões. “Em uma única fazenda, a previsão de prejuízo para este ano é superior a R$ 10 milhões. A insegurança afastou investidores e desvalorizou as terras, que chegam a perder 90% do valor”, afirma Bonfim.

Ele também denuncia a ação de grupos armados nas invasões. “Eles se aliaram ao crime organizado, estão fortemente armados e tomam terras produtivas, causando enormes prejuízos. Somente no dia 1º de janeiro, uma propriedade foi invadida e teve prejuízo imediato de mais de R$ 2 milhões em café, pimenta e maquinário roubados”, relata.

Segundo Bonfim, a motivação das invasões não está apenas na reivindicação territorial, mas também no interesse econômico. “O que está acontecendo é um esbulho, um saque das riquezas dessas propriedades. As invasões atingem áreas produtivas de café, cacau, pimenta, mamão e pastagens. Além disso, há roubo de maquinário, que depois é vendido. O discurso de ampliação de território serve apenas como justificativa, mas a verdade é que há uma aliança com o crime organizado para lucrar com essas invasões”, denuncia.

Ele também destaca que as terras invadidas são estrategicamente escolhidas pelo seu valor econômico. “Sempre são áreas produtivas, que valem muito dinheiro. O objetivo é financeiro. Uma propriedade invadida no dia 1º de janeiro, por exemplo, tem previsão de colher cerca de 4 mil sacas de café, mas segue sob posse dos invasores. O prejuízo é incalculável para o proprietário e para toda a cadeia produtiva”, alerta Bonfim.

Bonfim defende a aprovação do Marco Temporal e a modernização das leis sobre terras indígenas. “Hoje, os indígenas vivem sob tutela da Funai e não podem explorar economicamente suas terras. Isso os leva à marginalidade e a atuar de forma ilegal. A indefinição sobre o Marco Temporal abriu brechas para essas invasões, que usam o discurso de reivindicação territorial, mas têm claro objetivo econômico”, explica.

Ele destaca ainda o impacto social e psicológico nas famílias atingidas. “Produtores foram agredidos, tiveram propriedades saqueadas e estão em estado de depressão. Muitas esposas sofrem de síndrome do pânico. Um produtor invadido no dia 1º foi espancado, teve costelas quebradas e está emocionalmente abalado”, lamenta Bonfim.

Agrolink – Aline Merladete
Publicado em 20/03/2025 às 14:47h.

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