Na madrugada de ontem (20), Yasmin Farias Cardoso, de 27 anos, foi assassinada a facadas dentro da quitinete em que morava, no bairro Jardim Belo Panorama, em Rondonópolis.
O autor do crime, identificado pela polícia como José Cícero Feitosa da Silva, de 35 anos, cometeu suicídio após o feminicídio. O crime ocorreu por volta das 2h45 e foi registrado como feminicídio seguido de suicídio.
A Polícia Militar foi acionada, via Ciosp, após o acionamento do botão do pânico, um recurso utilizado por vítimas de violência doméstica. No entanto, ao chegarem ao conjunto de quitinetes, os policiais precisaram tocar a sirene para que moradores indicassem em qual unidade a vítima residia. Quando localizaram a quitinete de Yasmin, a equipe a chamou pelo nome diversas vezes, mas não obteve resposta.
Diante da ausência de sinais, a guarnição arrombou a porta e encontrou Yasmin morta, sobre a cama e com ferimentos de faca. Durante a varredura no local, os policiais encontraram José Cícero na área de serviço, também morto.
Segundo os agentes, ele teria invadido a residência pulando o muro e acessando o local pelo telhado. Sem ter como fugir ao perceber a chegada da polícia, teria optado por tirar a própria vida.
O tenente-coronel Wanderson Silva Sá, comandante adjunto do 4º Comando Regional, explicou a dinâmica do crime. “É um caso de feminicídio seguido de suicídio que ocorreu na madrugada desta quinta-feira em nosso município. O autor do fato, já com diversas passagens, inclusive com outras vítimas, adentrou a quitinete da vítima, não pelo portão da frente, mas pulando o muro e subindo no telhado. No momento em que a vítima percebeu a presença dele, se trancou no quarto e acionou o botão do pânico. Todavia, por conta do porte físico do suspeito, ele conseguiu arrombar a porta com facilidade e, em posse de uma arma branca, ceifou a vida da jovem de 27 anos”.
José Cícero possuía diversas passagens criminais, incluindo lesão corporal, condução de veículo sob efeito de álcool, ameaça e violência doméstica.
“Não é a primeira passagem dele e não é a primeira vítima dele. Ele já esteve casado com uma outra mulher por quase 15 anos e também cometeu alguns atos de violência doméstica contra a mulher, alguns registrados e outros não registrados. Desta vez, a jovem de 27 anos já havia protocolado um boletim de ocorrência em desfavor do mesmo, foi até o momento que ela recebeu o botão do pânico e, mesmo após o acionamento, ele não deixou condições de defesa à vítima”, acrescentou o tenente-coronel.
A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) emitiu nota de pesar lamentando a morte de Yasmin, que cursava o 8º semestre de Engenharia Civil e estagiava em uma empresa de serviços agronômicos e topográficos.
A instituição decretou luto oficial por três dias no Núcleo Pedagógico de Rondonópolis, com suspensão das atividades pedagógicas e administrativas nesta quinta-feira (20).
A jovem era natural de Maringá (PR) e filha única de Alair Benedita Souza Farias e Paulo Sérgio Cardoso. Seu corpo foi velado e sepultado em Alto Araguaia, onde familiares e amigos prestaram as últimas homenagens.
SEGUNDO CASO
Este é o segundo caso de feminicídio registrado em Rondonópolis em 2025. No dia 29 de janeiro, Maria José de Jesus da Silva, de 58 anos, foi encontrada morta no bairro Alfredo de Castro, em Rondonópolis.
Na data, moradores relataram que a vítima morava sozinha e foi avistada pela última vez no dia 28. Após tentar falar com a mulher e não receber resposta, um vizinho abriu a janela e avistou a vítima deitada na cama com uma faca fixada na região do pescoço.
Além da faca fixada do lado direito do pescoço da mulher, havia também um lençol amarrado no local com intuito de evitar o volume do sangramento.
Policiais da Delegacia de Homicídios de Rondonópolis prenderam em flagrante, horas após o caso ser registrado, o autor do crime. O suspeito foi autuado por homicídio duplamente qualificado. Ele foi localizado pelos policiais em uma clínica para dependentes químicos.
De acordo com os peritos da Politec que analisaram a cena do crime, a vítima estava morta havia entre 8 e 12 horas, ou seja, Maria José foi assassinada próximo à meia-noite do dia 28 de janeiro.
As diligências investigativas iniciaram e a equipe da DHPP apurou que o homem de 53 anos tinha ido à residência da vítima para ambos consumirem drogas. Ele foi a última pessoa a ter contato com Maria José antes dela ser encontrada morta.
Por A Tribuna 21 de março de 2025