Por A Tribuna/ 30 de abril de 2025
Jacques Polet, presidente do Conselho Administrativo e Financeiro da Santa Casa de Rondonópolis, durante depoimento ontem à CEI (Foto – Divulgação)
A gestão de contratos e valores foi um dos principais problemas abordados durante a oitiva da Comissão Especial de Inquérito (CEI) com o presidente do Conselho Administrativo e Financeiro da Santa Casa de Rondonópolis, Jacques Polet, que sugeriu, durante depoimento, que há contrato com a sua assinatura “fraudada”. A oitiva foi realizada na tarde de ontem (29), no Plenário da Câmara Municipal, e teve início às 16h.
Questionado pelos vereadores Ibrahim Zaher (MDB) e Vinícius Amoroso (PSB) sobre o contrato da Santa Casa com a empresa CBS Serviços Médicos, Polet alegou que não assinou o contrato e que sua assinatura que consta no documento teria sido “copiada”.
“Não assino nada sem rubricar página por página. E esse contrato não tem nenhuma rubrica minha”, disse e afirmou que a situação estaria sendo apurada internamente.
Ele ainda destacou que nunca nem havia lido o contrato firmado entre a Santa Casa e a empresa CBS serviços médicos. Jacques Polet acrescentou que a possibilidade desse contrato ter sido adulterado está sendo apurada internamente pelo hospital e não quis citar nomes de possíveis responsáveis.
O presidente do Conselho também afirmou durante oitiva que nem todos os contratos da Santa Casa passavam pela avaliação e aprovação do Conselho Administrativo e Financeiro do hospital, ainda que o estatuto da Santa Casa prevê que as decisões sobre contratos e empréstimos deveriam ser tomadas pelo Conselho. Disse ainda que hoje a Santa Casa tem mais de 500 contratos ativos.
Além disso, Polet confirmou que realmente há membros da irmandade da Santa Casa que mantêm contratos com o hospital, mas ponderou que não há proibição nisso conforme o estatuto, mas sim que os membros do Conselho mantenham esses contratos.
Sobre a dívida atual da Santa Casa, o presidente afirmou que a situação financeira do filantrópico piorou a partir da pandemia e com a mudança dos pagamentos das UTIs pelo Governo do Estado, que antes eram feitos por leitos mesmo que estivessem vazios e passou a ser pago por leito ocupado.
“Com a pandemia e a mudança nos pagamentos dos leitos de UTI que eram sobre os leitos existentes e passou para leitos ocupados, a Santa Casa perdeu, praticamente, 50% do que recebia, a situação financeira piorou. Uma UTI precisa manter um quadro de funcionários estando vazia ou não – desde a pandemia o prejuízo ou déficit da Santa Casa é de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões ao mês”, disse.
Para o presidente do Conselho os problemas financeiros da Santa Casa decorrem da própria estrutura do sistema de saúde.
“Todos nossos problemas financeiros são oriundos do sistema de saúde, da maneira como é conduzida a tramitação dos recursos, que deixa uma margem de manobra muito curta”, concluiu e acrescentou que a própria dinâmica do SUS é pagar depois que o procedimento foi feito.