Dos 306 anos de Cuiabá, a Santa Casa de Misericórdia esteve presente e desempenhando importante papel em 208 anos. Fundada em 1817, quando Cuiabá ainda era subordinada à então capital Vila Bela da Santíssima Trindade (521 km a oeste de Cuiabá), a Santa Casa de Misericórdia foi o primeiro hospital da cidade, de Mato Grosso, e um dos marcos do início da ocupação do bairro Bandeirantes.
Após mais de dois séculos de funcionamento e serviços prestados, a instituição, que se tornou um dos símbolos mais antigos e importantes da cidade, enfrenta uma ameaça real de encerrar sua história. O governo do Estado anunciou que a unidade será desativada tão logo o Hospital Central, que será administrado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, seja inaugurado, o que está previsto para ocorrer até setembro deste ano. Na última semana, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) aprovou a venda do complexo Santa Casa, avaliado em cerca de R$ 78 milhões.
Um edital ainda será publicado, contendo as condições do leilão. Os valores serão revertidos para quitar dívidas trabalhistas que envolvem mais de 470 processos, totalizando R$ 43 milhões, que se arrastam há mais de cinco anos. O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, já antecipou que gostaria de transferir para a Santa Casa os serviços hoje prestados no Hospital São Benedito, mas afirmou que o município não tem condições de comprar o prédio. E solicitou ao governo do Estado que adquira o complexo e transfira a administração para o município.
O governo não deu resposta. Quem conhece a Santa Casa garante que a unidade, apesar de ser antiga, tem condições de continuar em funcionamento sem a necessidade de reformas significativas.
Além disso, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, garantiu que caso o município assuma a unidade, ela pode ser entregue de portas fechadas, com todos os equipamentos e insumos já existentes.
Dantielle Venturini/ Gazeta Digital